O curta-metragem Girassóis, dirigido por Jessica Linhares e Miguel Chaves, lança um olhar sensível e crítico sobre as consequências da precarização do trabalho no Brasil. Protagonizado por Wilson Rabelo e Márcia Santos, o filme narra a rotina de José Carlos e Glória, um casal da terceira idade do subúrbio carioca, que, mesmo após os 60 anos, precisa continuar trabalhando para garantir a sobrevivência. José, fiscal de loja terceirizado de uma grande rede de supermercados, é subitamente transferido para uma filial mais distante, enquanto Glória, professora aposentada, complementa a renda como motorista de aplicativo.

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O ponto de partida do filme é inspirado em um caso real ocorrido em Recife, em que um funcionário de supermercado faleceu durante o expediente e o estabelecimento seguiu funcionando, ignorando o corpo. A partir dessa tragédia, Girassóis constrói uma narrativa ficcional pregressa para devolver humanidade ao trabalhador desumanizado, permitindo que o espectador o veja em vida. Por meio de sua convivência com a família e da exaustiva rotina profissional, o filme propõe um retrato íntimo e universal sobre a luta pelo direito ao descanso.

 

A montagem, assinada por Vinicius Nascimento, reflete a lógica da escala 6x1: para cada momento de descanso ou lazer, há seis vezes mais momentos que retratam o trabalho, intensificando a sensação de exaustão. Essa escolha estética dialoga com o tema central do filme, aproximando o público da vivência dos personagens. Girassóis é o segundo curta-metragem assinado por Jessica Linhares e Miguel Chaves como dupla, sucedendo Um Filme de Quarentena (2021), que estreou na Première Brasil do Festival do Rio.

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Com uma narrativa que mescla crítica social e sensibilidade, Girassóis convida o espectador a refletir sobre como o trabalho, cada vez mais desumanizado, afeta não só o tempo de vida, mas também a própria dignidade humana.

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O projeto tem realização do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo. A produção é da Rebuliço.